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O Bicudo Jequitibá

História de Um Campeão

 

 

Nome: Jequitibá

Filiação: Confete x Uberlândia

Espécie: Bicudo-verdadeiro

Sub-espécie: Oryzoborus

maximiliani crassirostris

Tipo de canto: Flauta

 

 

A natureza mostra suas

maravilhas àqueles que têm

olhos de ver!

 

A natureza esconde suas maravilhas para que nós, com o nosso esforço, dedicação e

muitas vezes com sorte, possamos descobri-las!

E assim foi que a natureza nos deu Jequitibá!

 

O saudoso Dr, Luiz Fernando Rodrigues Costa, de Barbacena - MG, por volta de 1990, possuía  dois belos  bicudos de fibra, Carnaval e Confete, originários respectivamente

dos bicudos repetidores por ele adquiridos: Barbacena e Negrinho de Santos Dumont e de uma fêmea vinda de Uberlândia, de nome também Uberlândia.

 

Carnaval era a estrela, participante dos torneios de fibra sempre com grandes resultados, era o preferido; enquanto Confete, mais tranquilo, repetindo menos mas com grande fibra, não tinha o mesmo brilho do irmão e ficava em 2º plano.

 

Além destes dois bicudos mantinha ainda a fêmea Uberlândia já em idade bem avançada, vivendo num pequeno viveiro de arame, quase esquecida e que ainda por cima era difícil de ser galada, pois só deitava no poleiro e mais ainda, botava religiosamente fora do ninho quebrando os ovos; por tudo isso não era mais utilizada na criação.

 

Quis a providência que o Dr. Luiz se ausentasse de Barbacena por um longo período, aproximadamente de 2 meses, para cuidar da reforma de sua casa de praia.

 

Foi então que nosso amigo Flávio Barbosa, vereador em Barbacena, auxiliando o tratador do Dr, Luiz, sabedor da história da velha fêmea   nossa conhecida, estendeu uma toalha sob os poleiros do pequeno viveiro e soltou o Confete para cortejar e gala a fêmea, o que aconteceu uma única vez.

 

E não deu outra, a fêmea botou dois ovos que foram amparados incólumes pela toalha salvadora e cuidadosamente colocados por Flávio em outra fêmea, Luana, que era a estrela da criação.

 

Em 03 de março de 1991 nasciam dois filhotes que foram tratados com carinho tanto por Luana como por Flávio, recebendo os anéis: SERCA-208-007 e SERCA-208-004; o primeiro viria a ser o Jequitibá, o segundo uma fêmea, hoje com localização

desconhecida.

 

Consta que o filhote macho após 35 (trinta e cinco) dias foi trocado com o tratador, pelo Flávio, por uma televisão branco e preto, comprada à prestação.

 

Mas havia um problema! Passava-se o tempo e o filhote não cantava, a ponto de ser considerado fêmea, e nunca cantou enquanto pardo, até que finalmente pintou. Era macho!

 

E pintado veio a Belo Horizonte em fins de 1992, ao torneio final do campeonato Rio-Minas no Mineirinho; já cantava e então, quando disputando na estaca de peito de aço, tirou 1º lugar com mais de cem repetições. E nunca mais parou!

 

No ano seguinte, ainda maracajá foi campeão mineiro de fibra, encantando a todos com sua performance.

 

Ainda em 1993 começou a participar dos torneios nacionais a partir de outubro e, mesmo assim, sagrou-se, após inúmeras vitórias, o bicudo revelação do Brasil.

 

Nascia um verdadeiro campeão!

 

Mas o destino é caprichoso: no fim do campeonato nacional de 1993, seu proprietário, Flávio, foi suspenso pela FENAP, pelos quatro torneios da temporada seguinte e, em 1994, Jequitibá iniciava sua temporada no 5º torneio, com o Sobe e Desce já disparado com 80 pontos à sua frente.

 

O jovem bicudo de fibra iniciou então a sua reação espetacular, ganhando os seis torneios seguintes e, após o torneio de Jacarepaguá, penúltimo torneio da temporada de 1994, apenas 1 ponto o separava de Sobe e Desce; a decisão seria em Rio Verde, Goiás.

 

Mas então, como uma homenagem e deferência especiais ao grande e campeão

Sobe e Desce, que já se encontrava quase cego,

 

Jequitibá não compareceu a Rio Verde. Sagrou-se campeão de 1994 o velho e saudoso bicudo numa escalada impressionante, sem precedentes, de 1989 à 1994 (6 anos ininterruptos) e Jequitibá foi seu vice campeão.

 

Em 1995 foi disparado o grande campeão nacional com nove títulos de 1º lugar, com performances extraordinárias, se aproximando de 200 (duzentos) cantos nas marcações finais.

 

Em 1996 foi vice campeão nacional pois o campeão à época, participava somente dos torneios da FENAP onde o Jequitibá não estava (já naquela época, o campeonato patrocinado pela FENAP tinha mais de um torneio por domingo).

 

Neste mesmo ano de 1996, no torneio de São Gonçalo foi vendido ao Sr, Guima, de Rio Verde (GO) por uma pequena fortuna após sagrar-se campeão do torneio com 222 cantos, recorde até então.

 

E foi com o Guima, no torneio de Paracatu (MG), em 1998, que se viu a maior performance de um bicudo de fibra em todos os tempos.

 

O Natureza, já com o Wagner Triginelli, havia cantado 195 cantos na marcação final, em um torneio pesado, já começava a receber os cumprimentos pela vitória. Mas ainda faltava marcar o Jequitibá! Por volta das duas horas da tarde, começava a marcação dos cinco últimos bicudos, dentre eles o Jequitibá, que diante de quatro marcadores e do chefe da roda, voando por toda a gaiola e passando até dezoito cantos por vez, ininterruptamente, atingiu os 238 (duzentos e trinta e oito) cantos, recorde absoluto até hoje. Sagrou-se campeão nacional de 1998.

 

Depois foi a vez de Chico Roque, nosso grande companheiro de Niterói, ter a felicidade ímpar de possuir aquele que já era uma lenda nacional como o maior bicudo de fibra do Brasil.

 

Com o Chico foi um mestre, maravilhando a todos com sua categoria inigualável, ganhando torneios e mais torneios, sendo como sempre a estrela maior de todas as disputas.

 

O Wagner Triginelli, que acompanhava a trajetória do Jequitibá desde 1992, quando o viu pela primeira vez ainda pintado, desenvolveu   uma admiração e uma afinidade ímpares por esse pássaro.

 

Tentou adquiri-lo por três ocasiões: a primeira com o Flávio em 1996, fracassada; a segunda com o Guima, em 1999, fracassada; e finalmente, com Chico Roque, em 2001, na véspera do torneio de Petrópolis, no Hotel em Niterói, no apartamento do Batista, o negócio finalmente foi fechado. E foi à vista!

 

O preço não interessa, pois um pássaro deste nível único no mundo, não tem preço.

 

E agora o Jequitibá encontra-se sob os cuidados e sob o afeto do Wagner Triginelli, como sempre, seguindo sua trajetória extraordinária, ganhando sempre, dando show por onde passa, atraindo as atenções de todos, despertando interesse nos mais diferentes torneios por esse Brasil afora.

 

É o grande campeão, é a lenda nacional!

 

Mas o Jequitibá não tem dono, ninguém pode ser proprietário de uma das maravilhas da natureza; no máximo fica sob nossa guarda, pertencendo a todos que amam os pássaros e o seu canto.

 

Como diz o grande Chico Roque na maravilhosa canção de sua autoria em homenagem ao Jequitibá: “… a mãe Natureza te fez um cantor, para falar da beleza que é o amor, que bendiz, eu quero te escutar, e chego até pensar que o mundo é mais feliz”!!!!!

“Alguns tiveram o Jequitibá, muitos gostaram dele, poucos amaram este grande pássaro e ninguém tanto quanto Wagner Triginelli”

 

 

Colaboraram na elaboração desta história:

José Roberto Morais

Escrito por Wagner Triginelli, em 10/3/2004

 

O Bicudo Jequitibá tem o genótipo (CIG) do seu DNA armazenado no laboratório Unigen de São Paulo, é a referencia para comparação de  descendentes que haja verdadeiro vinculo genético com a sua linhagem.

 

 

 

Bicudário Flauta das Artes | o Bicudo Jequitibá
JEQUITIBÁ - Canto Flauta Jequitibá
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